02 Sep
Livro do dia: A ilha perdida
Há algum tempo falei da minha admiração pelo escritor Marcos Rey e por tudo o que envolve a Série Vaga-Lume (aqui), lançada pela editora Ática à partir da década de 70. Hoje retorno para comentar sobre mais um livro da coleção, livro este que foi um dos meus preferidos na infância e que li incontáveis vezes – desde pequena tenho esse hábito de reler livros queridos.
Adoro histórias sobre ilhas perdidas, esquecidas e misteriosas (aqui está uma que me acompanhará eternamente), sempre tive o ideal de vida na natureza, entre bichos e flores. Quando pequena possuía esse sonho de trabalhar com animais, adorava as aulas extracurriculares de ecologia, que eram ministradas num bosque perto de casa, com vários tipos de plantas e insetos. Eu queria mais, ir além, mudar-me para um lugar selvagem, passar o meu tempo estudando, aprendendo e ajudando os bichos. Acabei não levando isso adiante, não no sentido de me formar e trabalhar na área. Mas ainda tenho aquela chama dentro de mim, me chamando para o convívio dos peixe-bois. Dedicação e amor não faltam. Quem sabe um dia.
As ilhas então desempenhavam esse papel de fascínio, de comunhão máxima com a natureza, de aventuras possíveis. E eu sentia que a ilha perdida do livro estava muito perto de mim, lá em São Paulo mesmo, tudo que eu tinha que fazer era entrar na canoa e remar, como fizeram os irmãos da história, Henrique e Eduardo. Eu era a própria versão feminina de Henrique, a irmã mais velha, destemida, impulsiva, louca de vontade de desvendar os segredos daquele lugar tão abençoado e pleno de cores, aromas, sons, formas. Quando os irmãos desembarcam na ilha, e mais ainda quando se embrenham mata adentro e acabam se perdendo no interior dela, ah, eu quase urrava de emoção.
Uma vez perdidos, Henrique e Eduardo passam a noite na ilha, não apenas uma, e a tensão aumenta quando o único habitante humano do local – que eles julgavam inabitado – aparece para o irmão mais velho. À partir deste acontecimento, é uma sucessão de sonhos: o homem, Simão, comunica-se com os animais, cuida e é cuidado por eles, alimenta-se dos produtos da terra, confecciona seus próprios utensílios e roupas. Vive numa gruta com o papagaio Boni, o veado Lucas, os macacos chamados de Um-Dois-Três-Quatro-Cinco e mais uma tartaruga, uma oncinha e um morcego. Conhece as propriedades medicinais das plantas e zela por tudo o que está ao seu redor. Não sei se eu fui a única a me sentir assim, mas eu queria ficar perdida ali com ele e não voltar mais. Claro que não é isso o que acontece, mas não posso entregar o final. Leia, releia, apaixone-se, imagine-se, transporte-se para esse clássico que me incentivou a amar e a respeitar a perfeição da natureza :D
A ilha perdidaAutora: Maria José DupréEditora: ÁticaTema: Aventura; NaturezaFaixa etária: À partir de 10 anos Leia também: Eu acho que ainda não falei do meu carinho pelo personagem Tintim, criado pelo belga Hergè em 1929 e é claro que ele merece um post só dele. Mas como estamos falando sobre ilhas hoje, não resisti. Em A Ilha Negra (Ed. Quadrinhos na Cia.), Tintim, para variar, é perseguido por muitos bandidos e vai parar na tal ilha, na Escócia, onde se esconde uma fera horrenda. Adoro!Island in the Sun, vídeo fofo da música de uma das minhas bandas mais queridas, Weezer