Vinte mil léguas é a distância que o professor Aronnax percorre a bordo do Nautilus, comandado pelo excêntrico Capitão Nemo. Mas antes de conhecer o Nautilus, você precisa saber um pouco mais sobre um monstro marinho de épicas proporções. Em 1866, o fenômeno inexplicável deu-se nas águas da Europa e da América, aterrorizando toda uma população de comerciantes, capitães e oficiais da marinha mercante. Um ser misterioso, de corpo comprido e fusiforme, mais rápido do que uma baleia, e que nunca se deixava observar completamente, domina os mares e chama a atenção da comunidade de cientistas e pesquisadores da área. O monstro aparece e desaparece a seu bel prazer, provocando acidentes e colocando em risco as tripulações dos navios. A notícia logo se espalha e a imprensa especula histórias como a de Moby Dick e a do kraken, o polvo gigante. 

Por volta de março de 1867, o professor Aronnax, do Museu de História Natural de Paris, retorna de uma expedição científica dos Estados Unidos e acompanha com entusiasmo a história do monstro marinho. As opiniões sobre o assunto se dividem: muitos acreditam na hipótese de uma ilha flutuante, um rochedo inacessível ou um submarino de grande potência. Aronnax refuta essas ideias e escreve um artigo para o New York Herald, que é razoavelmente bem recebido pelos leitores. Ele próprio é considerado um expert no assunto, já que lançara volumes sobre as profundezas submarinas no passado. Temendo um caos nas comunicações marítimas, os Estados Unidos lançam-se numa caçada ao monstro e o professor é convidado a fazer parte da expedição. Empolgado com a possibilidade de estudar os hábitos da fera, Aronnax aceita o convite e parte com o fiel assistente Counseil. 

Na fragata, Aronnax faz amizade com o persistente capitão Farragut e com o canadense Ned Land, conhecido como o rei dos arpoadores. De personalidade séria e introspectiva, Ned Land não acredita na existência do monstro. Eles rumam para o Pacífico, último refúgio da criatura. Durante três meses, navegam sem nada encontrar. Tudo é explorado, desde as praias japonesas até a costa norte-americana. Sentindo-se fracassado, o capitão Farragut inspira-se em Colombo e pede a seus homens um prazo de três dias. Esgotado o prazo, a fragata inicia o retorno e é aí que o monstro dá as caras. Ele brilha à distância, irradiando uma fosforecência que não parece natural. A fragata ataca, e o monstro nada mais faz do que desviar-se de sua mira. Os canhões são acionados, o professor Aronnax vibra de excitação e o impassível Ned Land assiste a tudo com o arpão nas mãos. A possibilidade de um naufrágio se faz iminente. 

Nada parece atingir o animal. O choque do arpão contra seu corpo duro gera trombas d’água e homens são lançados ao mar. O bravo professor Aronnax vê o seu fim se aproximar, mas é resgatado pelo bom Counseil. Ned Land também vai ao mar, mas encontra uma espécie de ilha flutuante e salva os amigos. Tenho certeza de que a história te deixou tenso até agora, esse é o poder da narrativa do visionário autor Júlio Verne (para saber mais sobre o meu grande ídolo, clique aqui). A sensação é a de uma aventura real vivida nos sete mares e isso porque a história mal começou. Na realidade, tudo começa mesmo à bordo do Nautilus, uma maravilha da engenharia movida a eletricidade. Graças ao submarino – e a boa vontade de Nemo -, Aronnax viverá experiências praticamente indescritíveis: bosques submersos, pérolas gigantes, tubarões assassinos, krakens, a Atlântida e até o fim do mundo. Acomode-se bem no seu escafandro e mergulhe nesta vastidão conosco