Livro do dia: Balé dos Skazkás - Viajando pelos contos da Rússia

Livro do dia: Balé dos Skazkás - Viajando pelos contos da Rússia

Posted by Kátia

Hoje é Dia Internacional da Dança e, apesar de o livro não tratar exclusivamente de balé, é claro que faço aqui uma homenagem à amada Rússia, terra natal dos maiores bailarinos do planeta. E você, quando pensa na Rússia o que lhe vem à mente? Eu, que sou fascinada pela pátria das matrioshkas (como vocês podem conferir aqui, aqui e aqui) penso em mil coisas ao mesmo tempo. Imagino os artistas Malevich, Kandinsky e especialmente o divino Chagall. Sonho com os escritores, como Dostoievski, Turgueniev, Ievtuchenko, Anna Akhmatova e Marina Tsvetaeva. E o que dizer então de Tchaikovsky e Stravinsky? 

Lá os contos de fadas são chamados de skazkás, e nossa, como os russos amam os contos de fadas!!! Essa paixão é muito antiga e teve início antes mesmo de as pessoas saberem ler e escrever. Naquela época, toda a população – independente de classe social – gostava de reunir-se e contar histórias. Felizmente, muitos desses contos da tradição oral sobreviveram e chegaram até nós, através do tempo e do espaço. É possível que o início de tudo isso tenha sido numa bela e fria noite de inverno (amo!), com homens e mulheres se reunindo em volta de uma fogueira. Conversavam, bebiam vodka, brincavam e inventavam histórias. 

Uma destas histórias é O sapato de ouro, na qual duas irmãs ganham peixinhos. A mais velha come o peixe e a mais nova, Nikita, pergunta ao seu o que ele gostaria. Ele pede para não ser comido e em troca iria ajudá-la no que fosse necessário. Ela então o joga no rio. A mãe da menina acha aquilo um absurdo e a maltrata. Impede que ela vá à missa e a castiga com trabalhos pesados. Nikita chama o peixinho, que lhe diz para colocar uma roupa bonita e sair. Ela vai tão bela à missa que ninguém a reconhece. O padre não consegue rezar a missa e o príncipe se apaixona por ela. Na terceira vez que a vê, o príncipe joga cola no chão e fica com seu sapato dourado. Anuncia que se casará com a dona do sapato e logo Nikita vira princesa. 

Esse tipo de conto de fadas é conhecido como balé conto de fadas. A Bela Adormecida, Cinderela (ou Sapato de Ouro) e O Quebra-Nozes são exemplos clássicos de balés contos de fada. O grande responsável pela popularização destes balés foi o franco-russo Marius Petipa (1818-1910). Bailarino, professor e coreógrafo, Petipa – que era chamado de “pai do balé clássico” - criou mais de cinquenta espetáculos, tendo inclusive remontado balés de outros mestres, em versões definitivas. Entre os seus balés mais famosos estão Giselle, O Lago dos Cisnes, Coppélia e a brilhante parceria com Tchaikovsky em A Bela Adormecida. Petipa adaptou obras do mundo inteiro e deu-lhes uma identidade russa. No final do livro do dia, fica uma proposta com inversão de papeis: Você seria capaz de escrever uma outra história, com um jeito brasileiro, com as características de Sapato de Ouro ou Cinderela? E aí, aceita o desafio? 

Balé dos Skazkás – Viajando pelos contos da Rússia
Autora: Kátia Canton
Ilustrador: Guto Lacaz
Editora: DCL
Temas: Contos populares; Música; Teatro
Faixa etária: A partir de 04 anos 

Leia também: Porque hoje é dia de bailar por aí, eis o conto de E.T.A. Hoffmann que inspirou o famoso balé de Tchaikovsky. Em Quebra-Nozes e Camundongo Rei (Ed. Berlendis), a pequena Marie acompanha estranhos acontecimentos envolvendo o seu boneco quebra-nozes. Tudo ao seu redor parece ganhar vida, inclusive uma criatura horripilante. Simplesmente sensacional.

Ilustração do livro Tales from the Ballet, por Alice e Martin Provensen
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