Nascida em Paris, filha de pai senegalês e mãe francesa, a historiadora e pesquisadora Sylviane A. Diouf decidiu, em 2001, que já era hora de compartilhar seus conhecimentos sobre a cultura africana com as crianças. Por isso nos presenteou com esse tesouro que é o livro do dia, As tranças de Bintou. Bintou é uma linda menina e seu maior sonho é ter tranças. Ela não aprecia seu cabelo “bobo e sem graça”, muito menos os quatro birotes que adornam-lhe a cabeça. O que ela quer mesmo são longas tranças, enfeitadas com pedras coloridas e conchas. 

Bintou queria ser como a irmã mais velha, Fatou, com belíssimas tranças cheias de miçangas. Numa visita da sábia vovó Soukeye, Bintou descobre o motivo da proibição de tranças para as pequenas. Vovó conta-lhe a história da menina Coumba, que tornara-se extremamente vaidosa e egoísta por conta de suas tranças. Ela só pensava na própria beleza. Naquela época, as mães decidiram que as crianças não mais usariam tranças, apenas birotes, já que a verdadeira maravilha da infância consiste em brincar, aprender e fazer novas amizades. 

Mas Bintou continua a sonhar com as tranças. Ela imagina um pássaro construindo um ninho entre seus cabelos e também o sol a seguir-lhe, onde quer que vá. Em seus sonhos, Bintou brilha como uma rainha. No ritual de batizado do irmãozinho, ela fica a observar as belas mulheres e seus penteados. Um mais incrível do que o outro. É o desejo mais ardoroso de sua vida, ela não pode evitar. 

Entretanto, um fato realmente importante tira-lhe do sonho infantil. Bintou vê dois garotos de sua comunidade em perigo e corre para pedir ajuda. Ela não pensa duas vezes antes de embrenhar-se por um atalho, arruinando os pobres birotes. O esforço da menina é saudado por todos e ela enfim compreende as palavras da vovó. Acariciada pela doce Soukeye, ela recebe um presente mil vezes mais original e fascinante do que as tranças. Afinal, dedicação, delicadeza, carinho e uma boa dose de criatividade podem nos tornar as pessoas mais felizes do mundo.