Eu já falei aqui sobre Marina Colasanti e seus contos de fada, mas hoje é um dia lindo e especial, o aniversário de 75 anos de Marina e eu quero comemorar muito com ela :D Por isso escolhi este que é o meu livro preferido, tanto pela história quanto pelas lindas ilustrações. 

A moça tecelã tinha mãos mágicas que criavam beleza em seu pequeno universo. Ela acordava antes do amanhecer e com linhas claras tecia o esplendor do sol nascente. À tarde utilizava cores mais vivas, quentes, mas se o calor era forte demais, a moça colocava fios cinzentos na lançadeira, que logo se transformavam em nuvens gordinhas. E um fio de prata, para arrematar, trazia uma chuva alegre que a cumprimentava através da janela. Se tinha fome, tecia um lindo peixe e a sede era aplacada com uma suave lã cor de leite. “Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer”. 

Mas, naquele trabalho tão lento e silencioso, veio o tempo em que a moça sentiu falta de um companheiro e teceu então o príncipe de seus sonhos: chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. A primeira noite foi linda e ela o abraçou com ternura, imaginando a grande família que formariam. Mas seus desejos se desvaneceram num piscar de olhos, pois o marido era ganancioso e fazia exigências constantes: uma casa maior, um palácio, muitos empregados, dinheiro, tesouros. 

Ela atendia a cada uma de suas exigências, mas o coração da moça perdeu o vigor. Ela não tinha mais tempo para chamar o sol; a neve caía por dias, semanas, meses. A noite chegava e permanecia, pois a moça esquecera-se do dia. Então a tristeza a abateu completamente e ela imaginou como seria bom estar sozinha de novo. A moça tecelã é um conto que faz parte do livro  Doze reis e a moça no labirinto do vento, lançado originalmente em 1978. Mas esta edição recente, de 2003, é mais do que especial porque traz o conto ilustrado por...bordados, claro! Uma obra de arte perfeita para celebrar este dia sensacional.