Abril é mês de muitas comemorações, desde aniversários até diversas datas festivas que celebram o livro. Tem a Páscoa e também aquelas datas divertidas que adoramos, como por exemplo, o genial Dia de Abraçar um Australiano. E tem o aniversário de um anjo negro que caiu do céu e mudou completamente a minha vida. Enfim, esse mês falaremos sobre alguns dos nossos livros e autores preferidos, somente aqueles que falam diretamente ao coração. Começamos com uma obra pra lá de especial - e eu já conto o motivo de tanto amor por Fico à espera... 

Daqui a pouco estaremos voando para São Paulo, minha cidade querida, e no meio de toda a correria que é a cara da cidade espero reencontrar alguns de meus amigos. Sei que a missão é difícil, mas vou aproveitar as celebrações do meu aniversário para reunir algumas destas pessoas que são importantíssimas, essenciais, imprescindíveis. Fico à espera...marca uma fase linda da minha vida e me faz pensar em amigos que gostaria de ter por perto todos os dias do ano. 

Esse foi o primeiro livro da dupla formada pelo escritor suíço Davide Cali e o ilustrador francês Serge Bloch que li (o segundo foi O inimigo, também precioso e que em breve aparecerá por aqui) e é tão singelo e verdadeiro que tornou-se um dos meus preferidos de todos os tempos. A paixão já começa na capa e no formato do livro: um envelope de carta, com um menininho de traços simples debruçado na janela e um fio de lã vermelha - prestem atenção ao fio, é ele quem conduz a história. 

A trajetória da vida deste adorável menininho é então revelada para nós. Começamos ao lado dele, na primeira infância, quando fica à espera de crescer (e puxa, que puxa o fiozinho de lã), de um beijinho antes de dormir e de que o bolo esteja pronto (o fio de lã virou o laço de cabelo da mamãe). Ele vai crescendo e quer brincar lá fora, mas a chuva não deixa e o fiozinho vira sua blusa de lã. Ele espera o Natal chegar e decora a árvore com o pai (consegue adivinhar de quê é feito o pisca-pisca?). E finalmente ele espera o amor... 

As situações que envolvem o garoto, agora rapaz, tentando se aproximar de sua amada são lindas e comoventes, impossível não se identificar com elas. A estupidez da guerra os separa, mas logo se reencontram e ele espera que ela diga “sim”! Os filhos chegam e ele fica à espera de que cresçam, brincando com eles de carrinho (fiozinho lindo), escalando montanhas, à espera de que liguem – nossa, eles já cresceram! O afastamento, a tristeza, a morte, tudo isso faz parte de nossa existência, mas também o recomeço na forma de um pequerrucho neto. Lindo de chorar, um presente destes dois artistas maravilhosos para a humanidade. Estenda este presentão aos seus amigos, como fiz com os meus.