Shaun Tan é uma pessoa maravilhosa que mora no meu coração. É complicado falar sobre seus livros, que evocam o que há de mais delicado e frágil no ser humano. Suas ilustrações exigem dedicação, horas de admiração. Aqui, em A árvore vermelha, somos transportados para os sentimentos mais íntimos de uma linda e melancólica garotinha. 

A menina de cabelos vermelhos está perdida dentro de si mesma. O que fazer quando se acorda sem nenhuma inspiração ou perspectiva? Tudo parece piorar a cada minuto que se passa. A escuridão nos atinge, não conseguimos reagir. A garota caminha sozinha, em um mundo que não a compreende. As imagens, deslumbrantes, parecem arrancadas de sonhos. Afinal, enxergamos através dos olhos dela, e ela está desolada. 

A criança espera e nada acontece. E de repente, fica pior. Como se todos os problemas do mundo aparecessem de uma só vez. A menininha vermelha não consegue reagir. E o que mais queremos é abraçá-la e dizer que, de alguma forma, tudo ficará bem. Tentamos chamar sua atenção, ela não nos olha diretamente. O dia vai terminar e não podemos deixá-la assim. Mas, no último instante, ela aparece ali. A esperança. A possibilidade de felicidade. E a menina então sorri. Livro maravilhoso, daqueles feitos para entrarmos dentro e vivermos lá, serenamente.